Atualizado em: 18 de December de 2024
Você sabe quantos miradouros há no Douro? Já teve a oportunidade de conhecer algum? De fato, a Região do Douro, com seus 250mil hectares de área demarcada, possui uma quantidade abundante de miradouros. São tantos lugares incríveis que fica difícil montar um roteiro.
Mas fique tranquilo, o socorro chegou! Vou passar uma lista dos miradouros mais visitados na região do Douro. Assim você fica tranquilo para poder apreciar a paisagem do Rio Douro e suas infinitas vinhas.
Para quem não sabe, o Vale do Douro está dividido em três sub-regiões: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. É a mais antiga região produtora de vinho demarcada e regulamentada do mundo.
Em 2001, a UNESCO, classificou o Alto Douro Vinhateiro como Patrimônio Mundial da Humanidade.
Para você se situar no mapa, o Vale do Douro está aproximadamente a uma hora e meia da cidade do Porto, de carro. Ou seja, em torno de 130 km. É possível fazer essa viagem de trem (comboio) ou de ônibus (autocarro). Pode demorar um pouco mais, e aconselho a checar as paragens, os horários e preços com antecedência porque os valores ficam mais em conta.
As cinco dicas a seguir percorrem as três sub-regiões. Bora viajar?
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Miradouro de São Leonardo da Galafura – Peso da Régua
Aqui há um dos miradouros que mais gostamos de visitar porque a vista nunca cansa e a energia da sua imponente natureza revigora a alma.
Com uma beleza ímpar, este miradouro é um dos mais lindos da região. Está a 566 metros de altitude do povoado de Galafura. É possível enxergar outras regiões durienses como Tabuaço, Sabrosa, Armamar, entre outras.
Por causa dessa paisagem, Miguel Torga, um dos mais influentes escritores e poetas portugueses do século XX, descreve a sua manifestação sobre a natureza do local:
no Diário XII, O Doiro Sublimado
“O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta” – Miguel Torga.
Concordamos plenamente com o escritor: é um excesso de natureza!
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Miradouro de Casal de Loivos – Alijó
A paisagem aqui é de pegar o queixo no pé a 430 metros de altitude! A vista do Douro Vinhateiro, sobre a vila do Pinhão, mostra todas as nuances dos tons de verde através das videiras e oliveiras que emolduram as íngremes encostas. Uma obra de arte realizada em parceria com mãos humanas, recortando a serra em socalcos e figuras geométricas.
O povoado das aldeias, as quintas que produzem verdadeiros néctares de vinhos e azeites e o rio Douro com sua humilde imponência concluem a vista panorâmica de beleza, tranquilidade e sons durienses em uma simbiose entre ação humana e a mãe natureza.
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Miradouro de São Salvador do Mundo – São João da Pesqueira
Outro miradouro que corta a respiração, onde o rio Douro e seus afluentes são protagonistas dessa paisagem com uma altitude de 493 metros.
Aqui avista-se a Barragem da Valeira e o famoso Cachão da Valeira, onde conta a história que foi nesse local que o Barão de Forrester morreu em um acidente de barco.
(Barão de Forrester, acidente de barco … assunto para um outro artigo sobre a história do vinho português – é uma promessa!).
De acordo com o site da Câmara Municipal de São João da Pesqueira, este local é considerado o maior santuário do Alto Douro Vinhateiro devido ao conjunto de capelinhas construídas desde o século XVI por todo o monte.
Tudo indica que o Frei Gaspar da Piedade regressou de Roma e da Palestina e construiu uma capela onde guardou o osso do Braço de São Jerônimo (uma relíquia do Oriente).
São Jerônimo, além de historiador, escritor, teólogo e filósofo, foi Doutor em Escrituras Sagradas. Ou seja, foi dele a primeira tradução da Bíblia, do hebraico e grego para o latim.
Há vários vestígios arqueológicos que atestam a ocupação humana na região desde o período pré-romano.
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Miradouro Quinta de Vargelas – São João da Pesqueira
Creio que a melhor maneira de incentivar você a visitar esse miradouro é transcrevendo a passagem do livro A Fúria das Vinhas, em que Francisco Moita Flores descreve tão fielmente a beleza deste local:
“Quem subir ao Alto de Vargelas ficará com a certeza de que chegou ao ponto mais belo do céu. O Douro visto daquele pícaro é o Paraíso prometido em todas as lições de catequese.
E grandiosamente belo! As montanhas entrelaçam-se, magníficas, para, de repente, se escancararem em vales matizados com toda a paleta de verdes e castanhos que Deus inventou. E pelas encostas, as quintas vão pintalgando de branco o silêncio majestoso por onde o Rio serpenteia” – Francisco Moita Flores.
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Miradouro do Museu do Côa – Vila Nova de Foz Côa
Não necessariamente nesta ordem, aqui você pode ver a vista, ver a exposição do museu e depois fazer uma boquinha no próprio restaurante do Museu do Côa. Você pode saber mais sobre esse e outros restaurantes da Região do Douro, no artigo do site Magic Gourmet – A gastronomia típica de 14 restaurantes do Passaporte Douro.
Localizado em Vila Nova de Foz Côa, no Douro Superior, a paisagem tira o fôlego de qualquer um, pois na mesma panorâmica vê-se o Rio Douro à esquerda e o Rio Côa à direita. É impossível não se encantar com as belezas naturais do Douro.
Claro que há muitos outros miradouros no Douro a serem visitados, a lista é imensa! No site das Câmaras Municipais é possível saber onde cada um fica, os lugares históricos a serem visitados, as hospedagens, a gastronomia típica e os eventos pontuais.
Por isso, bora arrumar as malas e … partiu Douro!
Fica a dica também para você provar e harmonizar um belíssimo vinho do Douro, o Dona Doroteia Reserva XVII.

Roberta Ortolan
Co-fundadora
Mestra e Doutoranda em Ciências da Cultura,
graduada em Artes, Sommelière ABS-SP/ASI.