Um vinho que evidencia o potencial da Tinta Barroca com uma pegada contemporânea
Entre os produtores do Douro que vêm explorando novas leituras para castas tradicionais, a Quinta Alta tem se destacado pela consistência técnica e pelo posicionamento estético bem definido. A marca, propõe um olhar atual sobre o território, com vinhos que equilibram identidade regional e linguagem contemporânea.
O QALT Tinta Barroca 2022 representa esse espírito com clareza: trata-se do primeiro monocasta tinto da casa, produzido a partir de uma variedade frequentemente relegada aos lotes, mas aqui tratada com protagonismo.
Quando provei o QALT Tinta Barroca, encontrei um vinho coerente com essa abordagem: direto, equilibrado, intencional — e, acima de tudo, disruptivo na forma como reposiciona uma casta tradicional sob uma ótica contemporânea.
A origem da Quinta Alta: de um projeto pessoal a uma marca consolidada
A Quinta Alta é a materialização de um projeto de vida. Sua origem remonta a outubro de 2010, durante uma viagem ao Uruguai em que Fernanda Zuccaro e seu parceiro Chico Santa Rita começaram a idealizar a criação de um vinho próprio. Anos depois, em 2017, já encantada com o potencial do Douro, Fernanda decide transformar essa aspiração em realidade.
A fatalidade da doença de Alzheimer que acometeu Chico não impediu Fernanda de seguir adiante. Pelo contrário: motivou-a ainda mais a concretizar o sonho. Determinada, passou a conhecer cada detalhe das vinhas, das castas e do território, participando ativamente de todas as fases do ciclo da vinha à garrafa.
Em 2019, lançou a primeira campanha de vinhos da Quinta Alta. Desde então, com o apoio técnico do enólogo Francisco Montenegro e com a entrada de Nuno Mouronho no projeto, a marca vem se destacando no cenário nacional e abrindo portas para mercados além-mar.
A Quinta Alta representa, hoje, um projeto que alia paixão pessoal, conhecimento técnico e respeito ao terroir duriense.
Uma nova leitura da Tinta Barroca
QALT Tinta Barroca 2022 é o primeiro monocasta tinto da marca Quinta Alta, produzido na Quinta Alta dos Álamos, em Ervedosa do Douro.
Com 7 hectares de vinha, essa propriedade inclui 1,02 hectares de vinhas velhas e mais de 5 hectares em patamares. As parcelas de Tinta Barroca estão plantadas em exposição sudoeste, favorecendo a maturação equilibrada.
A proposta é clara: valorizar uma casta frequentemente secundarizada, revelando sua expressão em um perfil leve, direto e gastronômico. Foram produzidas 2.000 garrafas.
QALT Tinta Barroca 2022
Casta: 100% Tinta Barroca
Colheita manual a 23 de setembro de 2022
Seleção manual em mesa de escolha
30% de fermentação com cachos inteiros
Estágio: 6 meses em cuba de inox
Engarrafado em maio de 2023
Teor alcoólico: 12,5% vol.
Acidez total: 4,6 g/L
pH: 3,73
Enologia: Francisco Montenegro e Fernanda Zuccaro
Equilíbrio e versatilidade na taça
QALT Tinta Barroca é um vinho leve, com frescura natural, taninos suaves e boa acidez. Com 12,5% vol., oferece uma estrutura que preserva equilíbrio sem perder intensidade, resultando em uma excelente drinkability.
O vinho convida ao consumo descontraído, mas mantém precisão e foco, sendo uma opção versátil tanto à mesa quanto como aperitivo. A fruta vermelha é dominante, e o perfil favorece harmonizações com pratos leves ou consumo descomprometido.
A escolha pelo estágio em inox reforça o foco na pureza da casta e na sua adaptação ao gosto contemporâneo.
Arte e identidade visual
O rótulo foi desenvolvido como uma extensão direta do conceito do vinho: uma leitura contemporânea do Douro que incorpora tradição e inovação visual. A proposta partiu de Fernanda Zuccaro, que desafiou os criadores a representar visualmente o que o QALT Tinta Barroca propõe na taça: uma nova forma de ver uma casta tradicional.
A estética baseia-se nos muros de xisto da Quinta Alta, reinterpretados pelo artista brasileiro Kaur Art, com traços urbanos e vibrantes, e com direção criativa da designer Helena Lobo.
As cores utilizadas refletem os diferentes estágios da uva Tinta Barroca — da maturação à fermentação, até o vinho final no copo. O rótulo não é apenas decorativo: comunica intencionalmente o conteúdo da garrafa, estabelecendo um diálogo direto com o consumidor.
Ao transformar elementos da paisagem duriense em linguagem visual urbana, o rótulo reforça o caráter disruptivo do vinho, contribuindo para seu posicionamento diferenciado dentro da região.
Diversidade de origens
Além da Quinta Alta dos Álamos, onde nasce o QALT Tinta Barroca, a Quinta Alta também desenvolve vinhos a partir da Quinta da Longra de Cima, localizada no Baixo Corgo, na freguesia de Moura Morta.
Esta propriedade possui entre 450 e 650 metros de altitude, sendo dedicada à produção de brancos, com forte influência da Serra do Marão, que contribui para noites mais frescas e maturações lentas.
A diversidade altimétrica e climática entre as duas quintas permite à Quinta Alta ampliar a gama de estilos vinificados com base em castas autóctones, respeitando a vocação de cada parcela.
Enquanto a Quinta Alta dos Álamos se destaca pelas suas vinhas velhas e exposição privilegiada para tintos estruturados e expressivos, a Quinta da Longra de Cima é um polo complementar para vinhos com perfil aromático mais delicado, acidez vibrante e frescor natural.
Esse uso inteligente e técnico do território é um dos diferenciais do projeto, permitindo à enologia de Francisco Montenegro e Fernanda Zuccaro atuar com mais precisão e liberdade criativa.
Por que este vinho importa
A Tinta Barroca tem sido, historicamente, uma casta de apoio em lotes durienses. Este monocasta mostra que ela pode, nas condições certas, apresentar frescor, equilíbrio e identidade própria. Além de ser a base de um vinho que rompe com expectativas estabelecidas, afirmando-se como uma proposta verdadeiramente disruptiva no contexto duriense. QALT Tinta Barroca contribui para esse reposicionamento, dentro de um projeto que alia técnica, origem e consistência.
Você já provou um Tinta Barroca em versão monocasta? Descubra mais sobre essa casta surpreendente no artigo: Tinta Barroca: uma casta de alto rendimento e potencial enológico