Atualizado em: 5 de July de 2023
Jardins de Vinhas – A rota pedestre que descobre vinhos da Península de Setúbal
Não são só flores que enfeitam o jardim. Nesta pequena rota chamada Jardins de Vinhas, nascem e crescem as uvas que dão origem aos vinhos da região de Palmela na Península de Setúbal.
Antes de tudo, prepare-se para caminhar ao ar livre, apreciar a natureza. Tenha em mente que no trajeto pode visitar as Adegas, e fazer algumas provas de vinhos onde encontra simpatia e genuinidade das gentes da terra. As visitas às Adegas são guiadas, e tal como as Provas de Vinhos, é necessário reservar previamente.
Mas de onde vem a cultura da vinha na Península de Setúbal?
É importante recuar no tempo para perceber um pouco das origens remotas da cultura vínica desta região. Reza a história que na Península Ibérica – Vale do Tejo e Sado, por volta de 2000 a.C. os tartéssios criaram relações comerciais com outros povoados, trocando alguns produtos, como o vinho.
Tartéssio foi a primeira civilização ibérica que se desenvolveu no triângulo e que hoje ocupa as cidades de Huelva, Sevilha e Cádis.
Em meados do séc. X a.C., os fenícios, através das suas feitorias, tomaram como seu, o comércio que até à data, era pertença dos tartéssios. No entanto, a história altera-se com a chegada dos gregos à Península Ibérica, no séc. VII a.C., através do desenvolvimento da viticultura e da sua arte.
Por último, a cultura da vinha cresce graças à romanização da Península – em 15 a.C, com a introdução de técnicas de cultura inovadoras, como a poda, e novas variedades nas culturas de vinha.
No tempo de D. Afonso Henriques
Em 1170, no “Foral aos Mouros Forros”, D. Afonso Henriques requeria que os mouros continuassem a habitar em Palmela e que prestassem serviços na área da agricultura. Ou seja, venda de figos e do azeite, e o adubo de vinhas, de propriedade régia.
Esse foral de D. Afonso Henrique foi dirigido aos mouros forros de Lisboa, Alcácer, Almada e Palmela.
Março de 1185, foi uma data marcante para a história de Palmela. Após a vitória sobre os sarracenos, D. Afonso Henriques e seu filho D. Sancho atribuíram o primeiro foral à vila de Palmela.
No “Foral aos moradores de Palmela”, está patente não apenas a intenção de restaurar e povoar Palmela, como também a importância da agropecuária para a economia local.
Dentre eles se destacam: os ovinos, suínos, asininos, cavalares, bovinos, o azeite, o pão, o figo, a madeira, e claro, o vinho! Que vamos explorar a seguir através dos “Jardins de Vinhas”.
As castas do Jardins de Vinhas
Entre vinhas e montados de sobro estão assinalados os 11,5km de trilhos. A rota está situada dentro da Região Vitivinícola da Península de Setúbal, que possui três denominações: D.O.C. Palmela, D.O.C. Setúbal e a Vinho Regional Terras do Sado.
De acordo com a Rota de Vinhos Península de Setúbal, as castas tintas predominam 80% do encepamento total, principalmente a Castelão (também conhecida como Periquita) que é a mais representativa. E além dessa, Aragonês, Syrah, Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Alicante também estruturam excelentes vinhos.
Já nas castas brancas, para além das mais representativas da região, Fernão Pires e Moscatel de Setúbal, a Arinto, Antão Vaz, Síria e Chardonnay também marcam presença nos vinhos brancos.
Moscatel e Moscatel Roxo são responsáveis pelos verdadeiros néctares que alegram as papilas gustativas dos amantes de sabores mais adocicados.
On the road: a pé, no pedal ou motorizado
Embora exista sinalética na rota, e um mapa que nos guia, a escolha do percurso Jardins de Vinhas é livre e, sugere passagem em cinco Adegas.
No entanto, recomenda-se que tenha início em Fernando Pó junto à Adega Fernão Pó e siga para a Casa Dupó. Depois caminhe em direção à Casa Ermelinda Freitas, uma das casas mais icónicas e premiadas da região.
Com as energias renovadas, dirija-se à Adega de Filipe Palhoça, faça uma pausa e retome o percurso até à Quinta do Montalegre. Esta última já um pouco afastada do centro do percurso.
Para os mais corajosos a caminhada é a escolha de eleição.
Para quem, como eu, mais amante de vinhos do que de longas caminhadas, há opção de fazer este percurso de carro com pit stops nas Adegas. Desse modo, poderá explorar as vinhas e a natureza envolvente com médias caminhadas.
Diria que é o casamento perfeito entre a descoberta vínica, algum (moderado) exercício físico e um passeio a dois ou em família. Os trilhos também permitem que esta rota seja feita de bicicleta. Partimos à descoberta?
Para mais informações sobre a pequena Rota Jardins de Vinhas, clique aqui, ou entre em contacto direto com a Adega que pretende visitar.
Fontes: Câmara Municipal de Palmela | Rota dos Vinhos Península de Setúbal
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